domingo, 3 de janeiro de 2016

Quais são os tipos de ateus que existem e as diferenças entre eles

Basicamente existem três tipos de ateus. Vejamos suas características básicas.

Ateus "de boa":

Estes simplesmente não creem ou duvidam da existência de Deus.
Não odeiam Aquele em cuja existência não creem nem odeiam os crentes e tampouco pretendem “desevangelizar” quem quer que seja. Eles apenas não tem fé. Não se interessam pelas grandes questões existenciais, não se importam com as realidades além-mundo, mas tampouco pentelham os que creem em algo transcendente. Importam-se só com o que podem ter aqui e agora. Às vezes, até frequentam templos por mera convenção social, convivem tranquilamente com os fiéis e respeitam até os religiosos mais devotos! Não se identificam com o tipo ateísta chato, paranoico, pela-saco e obcecado em vilipendiar a fé alheia.
Lésbica ateia, porém antigayzista, antifeminista e antiateísta: uma livre-pensadora que é uma pedra no sapato da esquerda
Não idolatram o Dawkins nem o DeGrasse Tyson, pois sabem que eles são apenas seres humanos falhos e limitados como quaisquer outros e sinceramente se perguntam por que eles nunca aceitaram um debate público com o Lane Craig. Acima de tudo, ateus “de boa” não passam o dia todo criando memes com alegações risíveis de que a Bíblia é um livro que ensina crueldades e a Igreja perseguia canhotos, mulheres magras, caolhos, pernetas, gagos e orelhudos na Idade Média.


Ateus céticos:

Verdadeiramente céticos são os ateus que não tem medo de pôr em dúvida até os próprios postulados ateístas e também não tem medo de se questionar honestamente sobre o que seria do mundo ocidental sem a herança cultural judaico-cristã que o engendrou.
Estes são usualmente os ateus mais criteriosos, honestos e intelectualmente livres. Não se agarram a posturas dogmáticas materialistas, não forjam provas falsas (como o homem de Piltdown) para escorar os seus argumentos e aceitam debater honestamente com os teístas. Alguns destes céticos de boa estirpe transitam sem medo entre o ateísmo, o agnosticismo e o teísmo, conforme suas conclusões filosóficas e científicas mais recentes os movem. Neste seleto grupo poderíamos, talvez, incluir nomes como Albert Einstein, Carl Sagan, Rodrigo Constantino e Luiz Felipe Pondé.

Matéria do Portal Terra de Fevereiro de 2015
Einstein, embora não acreditasse no Deus pessoal e relacional da Bíblia, admitia a existência de uma Força primordial responsável pela criação e ordenação do universo e provavelmente inerente ao próprio cosmos. Essa postura intelectual de Einstein provavelmente era resultante de uma combinação de ceticismo com uma grande admiração pela fina concatenação de leis que permite a existência do cosmos.

Sagan, por sua vez, mesmo sendo bem menos receptivo à “possibilidade Deus” do que Einstein, ao menos tinha a honestidade de declarar-se “agnóstico” por crer na impossibilidade de se provar materialmente ou refutar a existência de um Criador.

Constantino, ex-ateísta militante, hoje se posiciona como um agnóstico, admite que não se pode afirmar cientificamente a suposta inexistência de Deus defendida pelos ateístas, reconhece a inegável contribuição do cristianismo para os valores e instituições do Ocidente, condena os regimes totalitários ateus e afirma que o Estado deve ser laico, porém não antirreligioso.

Já Pondé, mesmo não crendo em Deus como um Ser Pessoal real, já expressou seu fascínio pelo conceito do Deus judaico-cristão e reconhece, sem “neuras”, a importância do patrimônio civilizacional de valores e instituições que a cultura judaico-cristã legou ao Ocidente. Além disso, Pondé admite que o ateísmo de muitos frequentemente está ligado não a conclusões filosófico-científicas, mas a emoções negativas e/ou frustrações pessoais, como declarou em um artigo escrito para a Folha de São Paulo:

Poucos ateus não são descendentes de uma criança infeliz e revoltada...”



Ateus militantes (ou "ateístas"):

São aqueles seres que dedicam horas e mais horas de suas vidas a inventar factoides e memes para xingar Deus (sim, eles parecem ter uma necessidade louca e incontida de xingar um Ser que eles juram que não existe!) e emporcalhar a imagem da Igreja e das crenças cristãs.
E pensar que Deus já teve inimigos do porte de Nabucodonosor, Nero, Diocleciano, Stálin, Hitler...
São paranoicos, pois, como Richard Dawkins, um de seus principais gurus, parecem preocupadíssimos em tirar a fé alheia por acreditar que uma simples procissão católica que “parece inofensiva” frequentemente “leva a coisas horríveis como explosões de bombas em metrôs..." (infelizmente, o vídeo em que Dawkins faz essa declaração hilária foi deletado do youtube).

Quando pensam nos cristãos, os ateístas parecem incapazes de visualizar freiras como a irmã Dulce dando de comer a crianças famintas ou servindo os doentes. Jamais pensam num padre resgatando um jovem das drogas ou consolando um pai de família angustiado, numa catequista ensinando crianças a serem boas umas com as outras, num professor medieval ensinando Música, Direito, Medicina ou a Física de Aristóteles, num monge trabalhando, orando e estudando na quietude do seu monastério, ou naqueles frades medievais que, em meios a batalhas sangrentas e surtos de peste, arriscavam-se indo até os corpos agonizantes para tentar socorrê-los ou oferecer-lhes os últimos sacramentos. Nada disso! O ódio os cega, impedindo que vejam o trabalho caridoso e abnegado de tantos cristãos em hospitais, asilos, creches, escolas, postos missionários e serviços paroquiais!
Selo da Univ. de Oxford, fundada no séc. XI. No centro, o lema "O Senhor é a minha luz", em latim.
Eles mesmos usufruem de muitíssimas invenções e instituições que devem aos seguidores do Nazareno: da música erudita à ciência moderna, passando por uma infinidade de obras de arte, valores humanos, instituições educacionais e de beneficência! Mas são estultos e ingratos demais para reconhecê-lo, preferindo caluniar quem faz o bem, direta ou indiretamente, a eles próprios!
Ilustração-resposta de um facebooker farto das empulhações ateístas
Penso que vale à pena elencar concretamente alguns benefícios prestados pelos crentes a incontáveis seres humanos que os ateístas fazem questão de ignorar:

Numerosos hospitais, enfermarias, orfanatos, asilos, creches, escolas, albergues, missões humanitárias em países subdesenvolvidos, as primeiras universidades do mundo ocidental (Bologna, Oxford, Cambridge, Siena, Paris, Salamanca, Fordham, Coimbra, todas as PUC’s, Padua, Leipzig, Praga, etc.), o método científico experimental (fr. Roger Bacon), a Química moderna (Lavoisier, Boyle e pe. Gassendi), a Genética (pe. Gregor Mendel), a Física óptica e os óculos (Grosseteste e Bacon), o telescópio, o relógio (Wallingford), o patrimônio cultural da antiguidade (monges copistas), a Física Moderna (Newton), o direito internacional moderno e a diplomacia (escolásticos de Salamanca), as grandes navegações ultramarinas, a teoria cosmológica do Big Bang (pe. Lamaître), o mapeamento do DNA humano (Francis Collins), a arquitetura românica, gótica e barroca, o nosso calendário (papa Gregório XIII), os avanços na astronomia (cardeal Nicolau de Cusa, pe. Copérnico, Kepler, pe. Searle, etc.), a relativa pacificação da Europa bárbara após a queda de Roma, a contenção do avanço do expansionismo islâmico sobre a Europa, a introdução de conceitos e mecanismos de justiça na Europa bárbara e nas Américas (o direito de um acusado a se defender em justo julgamento, por ex.), a Física Quântica (Heisenberg e Planck), o reconhecimento da dignidade da mulher, a música polifônica, as notas musicais (d’Arezzo), a vulcanologia, a microbiologia, e a egiptologia (A. Kircher), o desenvolvimento e a humanização do atendimento hospitalar (São Camilo de Lélis), a radiodifusão (Marconi, pe. Landell de Moura), o estabelecimento de relações amistosas com o Oriente (S. Francisco Xavier e Mateo Ricci), a Citologia (estudo das células – pe. Carnoy), a cromatologia (Malebranche), a descoberta da causa da Síndrome de Down (J. Lejeune), a cirurgia vascular complexa (A. Carrel), o método da pasteurização (L. Pasteur), descobertas sobre a eletricidade e o eletromagnetismo (Volta e Ampére), esforços pela abolição da escravidão (papa Paulo III, Princesa Isabel, fr. Bartolomé de Las Casas, papa Bento XIV, etc.), serviços de combate à desnutrição infantil (Pastoral da Criança), a maioria dos centros de recuperação de dependentes químicos do Brasil, anatomia humana e geologia (bispo Nicolaus Steno), os primeiros colégios do Brasil (jesuítas), o refreamento de práticas pagãs cruéis (canibalismo, oferecimento de sacrifícios humanos aos ídolos, infanticídio), a primeira universidade das Américas (Universidad Nacional Mayor San Marcos - Peru), a descoberta da osmose (pe. Nollet), avanços na matemática (Descartes, Pascal, Leibniz, etc.), a parapsicologia (papa Bento XIV), serviços de ajuda humanitária a pessoas vítimas de catástrofes naturais e outros males (Cáritas Internacional, Kirche in Not, SSVP, Liga das Senhoras Católicas, Cavaleiros de Colombo, Aliança de Misericórdia, Ordem de Malta, Misereor, etc.), enfim, a lista simplesmente não acaba!...


Muitas vezes, tais ateístas apontam o sofrimento e a morte de crianças e inocentes como suposta “prova” da inexistência de Deus. Se estudassem um pouquinho de cosmologia, astrofísica e teologia em vez de basear suas opiniões apenas em um emocionalismo pueril, saberiam que:
1) Se Deus não existisse, não haveria crianças, nem adultos inocentes, nem ser vivo algum, nem planeta Terra, nem cosmos (universo ordenado), nem lugar nenhum que lhes desse a oportunidade de existirem para fazer tais suposições toscas! Quem já estudou um mínimo de teologia sabe que os males existentes no mundo, por si só, não tornam a nossa realidade incompatível com a existência de um Criador onipotente e benevolente.

2) De acordo com a própria teologia judaico-cristã, foi por culpa da própria humanidade rebelde e pecadora que o sofrimento e a morte vieram ao mundo, não por culpa de Deus! A missão de cada ser humano nesta terra é passar meritoriamente pelos sofrimentos presentes, carregando a nossa cruz à semelhança do próprio Cristo, amando a Deus, ao próximo e mantendo a Fé e a esperança! Não é à toa que a Igreja chama o nosso mundo de Lacrimarum Valle (vale de lágrimas), e nos motiva a lutarmos nesta vida tendo em vista o Paradisus ou Regnum Coeli!

3) Se Deus interferisse o tempo todo pra livrar seres humanos do sofrimento e da morte, teria que interferir inclusive nas nossas ações e escolhas pessoais, pois são elas que muitas vezes trazem sofrimento e morte para nós mesmos e para os outros. Isso seria o fim do livre-arbítrio!

4) As pessoas que morrem enquanto criança, mesmo aquelas que tem uma morte dolorosa, são muito mais felizes do que os adultos que levam uma vida de confortos e prazeres e morrem em pecado, pois as crianças que morrem terão a felicidade eterna destinada aos inocentes, já os adultos que morrem em pecado grave terão pela frente apenas o excruciante sofrimento eterno destinado aos ímpios!


Por fim, a este terceiro e mais deprimente grupo de ateus, os militantes, só me resta deixar uma lista de sugestões bibliográficas, caso algum deles resolva deixar os rancores e as tolices ateístas de lado e amadurecer intelectualmente.


Para uma introdução à fragilidade de certos argumentos ateístas:

A Caixa Preta de Darwin – Michael Behe

Não tenho fé suficiente para ser ateu – N. Geisler & F. Turek

Deus, a Liberdade e o Mal – A. Plantinga

A Linguagem de Deus – Francis Collins

O Enigma Quântico – Wolfgang Smith

Ciência e Mito – W. Smith

A Ciência Descobre Deus – Ariel A. Roth

O Cérebro Espiritual – M. Beauregard & D. O’Leary

Apologética Contemporânea – W. Lane Craig

Evolução criativa – A. Goswami

Deus não está morto – A. Goswami

O Delírio de Dawkins – A. Mcgrath & J. Mcgrath

A Física do Cristianismo – Frank J. Tipler

Uma História Politicamente Incorreta da Bíblia – Robert J. Hutchinson

Deus em Questão - Armand M. Nicholi Jr.


Para uma introdução à história negligenciada do cristianismo:

Progresso e Religião – Christopher Dawson

A Vitória da Razão – Rodney Stark

Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental – Thomas E. Woods Jr.

Cristianismo e Paganismo – J. N. Hillgarth

A Ascensão das Universidades – Charles Haskins

A Inquisição em Seu Mundo – João Bernardino Gonzaga

A Formação da Cristandade – Christopher Dawson

Luz Sobre a Idade Média – Régine Pernoud

A Igreja Católica em Face da Escravidão – Jaime Balmes

A Igreja e a Escravidão no Brasil – José Geraldo Vidigal de Carvalho

Bula Veritas Ipsa – Papa Paulo III, 1537 (documento que proíbe a escravidão)

The Popes and Science (sem tradução no Brasil) – James Walsh

Sete Mentiras Sobre a Igreja Católica – Diane Moczar

O crescimento do cristianismo – Rodney Stark

God’s Battalions (s/ tradução no Brasil) – Rodney Stark

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil – Leandro Narloch

Guia Politicamente Incorreto da História da América Latina – Leandro Narloch

Leyendas Negras de La Iglesia (s/ tradução no Brasil) – Vittorio Messori

Historicamente Incorrecto (s/ tradução no Brasil) – Jean Sévillia

As Caravelas de Cristo - Gilbert Renault

A Idade Média contada aos meus sobrinhos – R. Pernoud

A Ascensão das Universidades – C. H. Haskins

Para Entender a Inquisição – Felipe Aquino

Dinâmicas da História do Mundo – C. Dawson

Minhas Cartas – José de Anchieta, sj

Idade Média, o que não nos ensinaram – R. Pernoud

O Outono da Idade Média – Johan Huizinga

Artigo sobre as Cruzadas escrito por um especialista em História Medieval e Renascentista: http://www.quadrante.com.br/artigos_detalhes.asp?id=101&cat=10

Artigo do mesmo historiador, sobre a Inquisição: http://www.ocampones.com/?p=9235

Documentário da BBC sobre o Mito da Inquisição Espanhola: https://www.youtube.com/watch?v=1v_KlCNpzYA

Série apresentada por Thomas E. Woods Jr., historiador e economista, sobre a edificação da nossa civilização pela Igreja: https://www.youtube.com/watch?v=t6bnO7N1AMU&list=PL6D7A861A36186188

Documentário da Reader’s Digest que conta o triunfo da fé cristã sobre o Império Romano pagão a partir da biografia de Sta. Helena: https://www.youtube.com/watch?v=H4yuzAOSWzg

Explicação do Prof. Anthony Esolen, da universidade Providence College, sobre a Idade Média: https://www.youtube.com/watch?v=U21hxgez2LM

Prof. Felipe Aquino, que foi diretor da FAENQUIL-USP, explica o medievo:  https://www.youtube.com/watch?v=7LetACae_rk



Nenhum comentário:

Postar um comentário