quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A culpa das elites culturais na degeneração social

No livro "Nossa Cultura... ou o que restou dela: 26 ensaios sobre a degradação dos valores", Theodore Dalrymple escreveu algumas coisas muito interessante que ajudam a explicar as causas da crise moral e cultural que assola o Ocidente. Leia os trechos abaixo e reflita:

Edição brasileira de 2015 da É Realizações
"De forma explícita, alguns intelectuais abraçaram o barbarismo. [...] Quebrar um tabu ou transgredi-lo se tornaram termos que gozam  da mais alta estima no vocabulário dos críticos modernos, ignorando-se o que foi transgredido ou qual foi o tabu quebrado." (p. 20)

"...uma atitude de hostilidade contra as regras sociais tradicionais é aquilo que laureia o intelectual moderno aos olhos de seus semelhantes. E esse prestígio que os intelectuais conferem ao antinomianismo é rapidamente transferido aos não intelectuais. Mais cedo ou mais tarde, aquilo que é tido como bom para o boêmio da elite também será [considerado] bom para o trabalhador desqualificado, para o desempregado e para aquele que recebe ajuda do governo - exatamente aquelas pessoas que mais precisam de limites, a fim de tornar suas vidas viáveis para que possam realmente crescer e prosperar. O resultado é uma imundície moral, espiritual e emocional, engendrando prazeres passageiros e sofrimentos prolongados. " (p. 21)

"Os intelectuais propuseram a ideia de que o homem precisava se libertar das correntes da convenção social e do autocontrole ["não se reprima!", nos ensinaram], e o governo, livre de constrangimentos, passaria leis que promovessem comportamentos desimpedidos e criaria um sistema de bem-estar social que protegesse as pessoas das consequências econômicas dessa política. Aprendi que quando as barreiras que seguram o mal são derrubadas, o mal floresce..." (p. 30-31)

"Houve uma grande marcha que não devastou apenas as instituições, mas sobretudo as mentes dos jovens. Os jovens querem louvar a si mesmos, descrevem a si mesmos como 'tolerantes'. Para eles, a forma mais alta de moralidade é a amoralidade. Existe uma aliança ímpia entre a esquerda, que acredita que o homem é dotado de direitos sem deveres, e os libertários da direita, os quais acreditam que a escolha do consumidor é a resposta para todas as questões..." (p. 38)

Capa da edição original em língua inglesa
"...meus pacientes, com raras exceções, conseguem enxergar a verdade naquilo que lhes falo: que eles não estão deprimidos; estão infelizes - e são infelizes porque escolheram viver de uma forma que não deveriam viver, na qual é impossível ser feliz. Sem, exceção, dizem que não gostariam que seus filhos vivessem da forma como eles próprios vivem. No entanto, as pressões sociais, econômicas e ideológicas - e, acima de tudo, o [mau] exemplo dos pais - tornam bastante provável que as escolhas das crianças sejam tão ruins quanto as de seus pais. Fundamentalmente, a covardia moral das elites intelectuais e políticas é responsável pelo permanente desastre social que tomou conta da Grã-Bretanha, um desastre cujas plenas consequências sociais e econômicas ainda serão conhecidas. 
Uma aguda crise econômica traria à tona o quanto as políticas dos sucessivos governos, todos orientados para o libertinismo, atomizaram a sociedade britânica. Isso fez com que toda a solidariedade social dentro das famílias e das comunidades, tão protetoras em tempos de dificuldades, fosse destruída. As elites não conseguem sequer reconhecer o que aconteceu, muito embora seja óbvio, uma vez que tal reconhecimento solicitaria admitir a pretérita irresponsabilidade em relação à questão, e isso seria muito incômodo para elas. Melhor que milhões vivam desgraçadamente e na imundície do que as elites se sentirem mal sobre si mesmas..." (p. 39)


Comento.
Penso que Dalrymple tem muitíssima razão no que diz. Por outro lado, também é verdade que não são só as elites intelectuais acadêmicas que tem culpa pela degeneração cultural e moral das massas. Para isso, elas contaram com a inegável contribuição perversa dos artistas, sobretudo os diretores, atores e atrizes de novelas, filmes e séries, bem como os cantores pop e figuras da mídia de massas em geral

Além dos intelectuais e da classe artística, o apodrecimento moral da sociedade também foi facilitado por diversas lideranças políticas e sociais corrompidas, pelo clero modernista (que deixou de instruir e exortar os fiéis como fazia antigamente para não parecer antiquado ou politicamente incorreto) e, claro, pelos próprios pais e mães de família irresponsáveis! Os resultados estão aí: criminalidade crescendo, inteligência média caindo, vícios de todo tipo se disseminando, meninas engravidando (e abortando) cada vez mais cedo, o culto à ignorância se alastrando, hedonismo e relativismo moral se impondo, corrupção se tornando normal, egoísmo e comportamentos antissociais aumentando!... 

O que é ainda mais inaceitável é que, mesmo depois de causarem tanto estrago, as elites "progressistas", acadêmicas, midiáticas, políticas, etc., continuem inatingíveis, posando de "esclarecidas" em seus postos de poder e influência de onde seguem esguichando seu lixo ideológico impunemente pra todo lado!


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