quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Cosmologia pré-socrática


A Filosofia da Natureza - também chamada de Cosmologia - suscita a reflexão sobre um tema tão essencial à investigação filosófico-científica, que está nas origens do próprio desenvolvimento da Filosofia na Grécia. Ela pretende investigar racionalmente o princípio e os fundamentos do universo ordenado (cosmos) tal como é percebido pelo homem. 
 
A Cosmologia não deve ser confundida, contudo, com a Cosmogonia, pois esta diz respeito àquelas narrativas sobre as origens do universo que não são necessariamente racionais, filosóficas. As narrativas cosmogônicas surgem como tentativas de explicação sobre a genesis do universo que muitas vezes recorrem a mitos e figuras alegóricas, em vez da observação criteriosa e da reflexão sistemática nas quais as teses cosmológicas se apoiam.

Heráclito de Éfeso, um dos filósofos naturalistas pré-socráticos mais conhecidos, observava que "a natureza ama esconder-se" (Physis Kryptesthai Philei), isto é, a natureza do universo não nos deixa entrever abertamente seus fundamentos ocultos nem revela facilmente suas origens a quem a interroga. Ao filósofo, pois, cabe a tarefa de levantar o véu que esconde a natureza mais profunda do cosmos, para ver o que está além das aparências, para enxergar a realidade fundamental subjacente ao universo visível.

Nesse intuito, os filósofos naturalistas gregos pré-socráticos buscaram descobrir a arché, o princípio natural fundamental do qual todas as coisas derivam – a busca da unidade (de uma "lógica unificante") que explica a multiplicidade do universo material.

Alguns deles foram:

Tales de Mileto – nascido no séc. VII a.C. e tido pela tradição ocidental como o primeiro de todos os filósofos – acreditava que a arché era a água.

Anaximandro cria que a arché era uma substância infinita e indeterminada chamada apeíron que formou as demais coisas por um processo de segregação (como uma massa de modelar que pode ser dividida em vários pedaços para formar diversas figuras).

Anaxímenes dizia que o ar é a arché, e que ele origina o fogo por rarefação e, por condensação, faz a água e os demais seres.


Heráclito cria que a arché é o fogo, causa da dinâmica constante do devir e da mudança, que seria regida por um logos ordenador.


O matemático Pitágoras dizia que os números são o fundamento das coisas todas.


Parmênides dizia que o fundamento da natureza é o Ser imutável, imóvel e atemporal (a dinâmica e a pluralidade que vemos é ilusória).


Zenão de Eleia concordava com Parmênides e questionava até a possibilidade de deslocamento no espaço.


Empédocles, conciliador, propunha como arché os quatro elementos (ar, água, terra e fogo) - imutáveis em si, mas dinâmicos conforme se combinam ou se separam.


Xenófanes propunha, como fundamento do universo, um Deus eterno, imutável, uno, imóvel e perfeito, que abarca a totalidade do existente, mas se confunde com o universo dele derivado.


Leucipo e Demócrito de Adbera, materialistas, diziam que o princípio fundamental das coisas são partículas indivisíveis (átomos) que formam os seres por agregação e desagregação.



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