sábado, 30 de janeiro de 2016

O vácuo moral e espiritual da Europa convida ao terrorismo

Publicamos abaixo uma tradução livre do artigo da jornalista dinamarquesa Iben Thranholm, publicado ainda antes dos abusos sexuais cometidos por imigrantes na Alemanha; mais precisamente no dia 23 de novembro de 2015.
Iben Thranholm 

Estes dias a mídia está transbordando com comentários e análises dos ataques terroristas da última sexta em Paris. Analisar tais ocorrências pelo ângulo da religião é algo constantemente ignorado ou rejeitado.

Essa é uma omissão curiosa, uma vez que os próprios terroristas emitiram declarações que indicam que a religião foi a motivação deles.

A declaração na qual o Estado Islâmico aceita a responsabilidade pelos ataques em Paris é feita em nome de Allah e os assassinatos são referidos como "uma batalha abençoada cujo sucesso foi possibilitado por Allah". Ela afirma que Paris foi tomada como alvo porque é "uma capital de prostituição e vício" e "a vanguarda da cruz na Europa".
Terrorista do grupo muçulmano jihadista Estado Islâmico
O Estado Islâmico frequentemente se refere aos parisienses como "cruzados" - o público do Bataclan, contudo, é classificado como "pagãos reunidos para um show de prostituição e vício." A afirmação encerra com uma ameaça terrorista de atacar aqueles que "ousarem amaldiçoar o Profeta e se vangloriarem de suas guerras contra o Islã".

Um outro aspecto dos ataques revela com clareza cada vez maior seu significado simbólico. Eles foram cometidos numa sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos. As vítimas do Bataclan estavam ouvindo música, o que é vetado no Islã fundamentalista, e os primeiros alvos que foram alvejados estavam no bar consumindo bebidas alcoólicas. O simbolismo ganhou uma nova dimensão quando os perpetradores do ataque começaram a atirar no público que ouvia a banda de rock Eagles of Death Metal tocar sua popular música Kiss the Devil ("Beije o Demônio").
Interior da boate Bataclan
Uma série de imagens tomadas momentos antes do massacre começar mostram pessoas no show fazendo o sinal usado para cultuar o demônio: mão fechada com os dedos indicador e mínimo erguidos em preparação para cantar a sinistra letra da música:

"Quem irá amar o Demônio?
Quem cantará sua música?
Quem irá amar o Demônio e cantar sua música?
Eu irei amar o Demônio
Eu cantarei sua música
Eu irei amar o Demônio e sua música"

Que diabólica ironia: o público no show canta ao demônio e então é massacrado a sangue frio por jihadistas que alegam estarem a serviço de Allah para aniquilar pagãos que celebram e invocam o Demônio.

Os parisienses parecem desprovidos de qualquer senso da realidade espiritual que eles estão atraindo. Logo suas invocações foram ouvidas e respondidas.

Que cena de partir o coração. Servos de Allah e foliões pagãos compondo um diabólico sacrifício de sangue.

A despeito da constante e ambígua referência do próprio Estado Islâmico a Allah como motivação para seus atos terroristas, os políticos e a grande mídia teimosamente se recusam a reconhecer o papel da religião em tais atos, sequer a mencionam.
"Nenhuma democracia. Nós queremos apenas o Islã!"
Em vez disso, eles contorcem sua retórica em figuras fantasiosas de irrealidade, sublinhando que o mundo não está em guerra contra o Islã, apoiados por alegações de que o ISIS não é islâmico. [...]  

Quando François Hollande discursou no Congresso em Versailles logo após os ataques, ele evitou dizer qualquer palavra que pudesse ligar as atrocidades ao Islã. Obama também tem insistido que o Ocidente não está em guerra com o Islã.

A religião tem sido, assim, um total tabu na narrativa da luta contra ao terror. Há duas razões pra isso. Uma é o politicamente correto: a ideologia do secularismo propõe a doutrina de que a religião é irrelevante, uma vez que ela não está entre os ideais do Iluminismo e deve portanto ser ignorada, exceto na medida em que puder ser feita objeto de desprezo e escárnio. A outra razão, mais significativa que a anterior, é que há pouca sensibilidade à religião e espiritualidade na Europa - e nenhuma entre a elite política.

Esta é a raiz do problema.

Independentemente da forma como se escolhe interpretar o desejo dos jihadistas de atingir "pagãos reunidos num show de prostituição e vício" e as invocações do demônio feitas pelo público, isso fornece uma imagem forte, ou talvez um sinal, do que cria e nutre o terrorismo. A força motriz é espiritual e não política.

O declínio do Cristianismo no Ocidente criou um vácuo moral e espiritual de proporções colossais. É este vácuo que impulsiona e alimenta o islamismo.

O Ocidente simplesmente não entende mais a espiritualidade e perdeu contato com os seus fundamentos espirituais ao abandonar o cristianismo, agora banido também do Tratado da União Europeia. Vários países tem removido símbolos cristãos dos espaços públicos. Ao remover Deus, eles têm criado um espaço vazio para o mal preencher. Este fator combinado com as políticas externas moralmente falidas tem tornado "aceitáveis" a matança e decapitação de cristãos, o que equivale a uma destruição das próprias fundações espirituais da Europa para alcançar ganhos geopolíticos, o último dos quais é a mudança de regime na Síria pela remoção do presidente democraticamente eleito.

O monstro criado pela rejeição do cristianismo está ganhando poder, como o terrorismo que tem crescido a partir de uma cultura descristianizada. Secularismo e islamismo são duas faces da mesma espiritualidade destrutiva, dois parasitas alimentando um ao outro. Enquanto a justiça e a misericórdia combinam-se nas virtudes que brotam do cristianismo, a destrutiva justiça do islamismo se mostra notoriamente demoníaca. Não há mais um contrapeso espiritual de graça, perdão e caridade, apenas um contraponto político, o qual é claramente insuficiente. 

O secularismo, o relativismo de valores, o materialismo e a democracia como uma nova religião (idolatria desprovida de uma divindade) constantemente provam a sua débil inadequação quando encaram o islamismo. As ideologias pós-cristãs não possuem um centro de força espiritual - vigilância e aparelhagem militar é só o que elas oferecem. É precismo mais do que isso para vencer uma guerra. É preciso força moral. O Ocidente tem perdido a sua força moral, o que fica amplamente evidente na sua política externa pelo apoio aos assim chamados grupos terroristas moderados, que mostram pouca moderação quando se trata de decapitações e de literalmente comer os corações de suas vítimas.
Imagem compartilhada nas redes sociais
A orgia de morte no Bataclan expõe com soberba clareza o que acontece quando um povo volta suas costas ao cristianismo, invoca forças diabólicas pretendendo usá-las para seus próprios interesses e faz a colheita amarga de uma realidade que deveria ter previsto.

A menos que a Europa reconheça a religião como pivô do terrorismo, irá perecer sem pistas sobre a verdadeira identidade de seu inimigo. A Europa permanecerá fatalmente débil. Um reavivamento espiritual é a única esperança para a Europa se fortalecer e se pôr de pé ante o Estado Islâmico. O vácuo espiritual é também um vácuo de valores verdadeiros: patriotismo, honra, virtudes viris, valores masculinos como valentia, coragem, disposição ao auto-sacrifício e uma fé forte em um Deus bom e amoroso. Tudo isso é urgentemente necessário se a Europa quiser derrotar o terrorismo e o islamismo radical.

[...]

A Europa prevaleceu contra o Islã muitas vezes ao longo da história. Foi assim na Espanha, na França, na Áustria, na Batalha de Lepanto em 1571, e todas essas vitórias foram conseguidas num tempo em que o cristianismo era uma fundação explícita e reconhecida. Agora, pela primeira vez na história, a Europa se põe a encarar o Islã numa batalha mortal sem a rocha do cristianismo para prover uma base de sustentação, sem identificar o inimigo e sem admitir que está em guerra. Sem bússola para mostrar onde se está, para onde deve ir ou porquê.

Se a Europa quer vencer essa batalha ela deve redescobrir o cristianismo. O Ministro do Exterior da França e fundador da da UE Robert Schumann uma vez fez esta declaração: "A Europa não viverá e não se salvará exceto na medida em que tiver consciência de si mesma e de suas responsabilidades, quando retornar aos princípios cristãos da fraternidade e da solidariedade."

Se a Europa persistir em rejeitar o cristianismo, deve abandonar toda esperança de algum dia ser capaz de fazer frente ao Islã e ao terrorismo islâmico.

Fonte: https://www.rt.com/op-edge/323118-europes-moral-spiritual-vacuum-terrorism/ 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Porrada nos imigrantes resolve alguma coisa?...

Tenho visto, nas redes sociais, diversas pessoas elogiando certas gangues da Alemanha que estariam espancando imigrantes islâmicos a fim de se vingarem pelos assédios sexuais cometidos contra mulheres alemãs na virada do ano. Gostaria de fazê-los perceber que essa atitude não é nem um pouco inteligente! Ela mina a credibilidade dos opositores da imigração, reforça as acusações de "xenofobia" da esquerda multiculturalista, incentiva a formação de facções neonazistas e, o pior, corre-se um grande risco de acabar espancando ou até matando algum imigrante inocente que não tenha tido nada a ver com os abusos em Colônia! 
Foto de supostos membros das gangues
"Extrema-direita xenófoba": é com rótulos assim que a esquerda vai capitalizar politicamente essa história toda! As toupeiras que estão espancando imigrantes estão dando munição, na forma de capital político, para a esquerda multiculturalista!

O poder de meia dúzia de grupos de caça-mouros é uma mera flatulência diante do poder do Estado. Ao atacar imigrantes, reforça-se o discurso anti-xenofóbico da esquerda, que domina o Estado, dando a ela mais poder ainda! Logo, é muito mais inteligente criticar a esquerda sem trégua, responsabilizando-a pelos crimes cometidos pelos imigrantes, até conseguir arrancar dela o Estado e, aí sim, barrar a imigração de criminosos! É assim que se faz política: conquistando hegemonia e acionando os mecanismos de poder, não juntando grupos de skinheads para espancar gente que você nem sabe se é culpada ou não!

Por caridade, aprendam uma coisa: sem conquistar hegemonia na opinião pública e sem controlar o Estado não se pode fazer NADA de efetivo por um país em decadência! Ou se conquista a opinião da massa e o poder do Estado ou não se tem nada! Estou dizendo apenas o que é preciso fazer para conter a imigração de criminosos e extraditar os que já entraram. Para cada porrada que um skinhead der num imigrante criminoso, outros vinte vão atravessar as fronteiras e talvez cometer crimes ainda piores, com a anuência de uma esquerda política ainda mais fortalecida!

Para ilustrar a coisa, imagine o seguinte: Eu sou um menino de sete anos de idade, caçula de uma família de três irmãos. Meus irmãos mais velhos, que me detestam e são mais fortes do que eu, adoram colocar formigas lava-pés na minha cama durante a noite para me atormentar. Eles se divertem muito com isso e, se eu não tomar uma providência, eles vão continuar fazendo isso. 

Assim, as opções que eu tenho, se não quiser ser picado por formigas toda noite, são: 

1) Interromper o meu sono todas as noites, levantar-me e acender a luz para matar as formigas. 

2) Tentar "dar uma boa lição" nos meus irmãos, o que dificilmente seria uma boa ideia, já que eles são maiores e mais fortes do que eu. 

3) Sensibilizar o meu pai e a minha mãe para que eles possam punir os meus irmãos e proibi-los de botar formigas no meu quarto novamente. 

Qual opção te parece mais inteligente?

Quem é quem: Eu (o menino caçula) sou a parcela sensata da população e a direita política, que é contra a imigração indiscriminada. Os meus irmãos mais velhos são a esquerda política, que é mais forte porque detém o poder estatal, midiático, etc. As formigas são os imigrantes islâmicos que não sabem se comportar com civilidade. O meu pai é o Estado e a minha mãe é a opinião pública. 

Quem é a favor dos caça-mouros está propondo passar as noites matando as formigas, que vão continuar sendo colocadas na cama. E eu estou dizendo que é melhor resolver a parada conquistando e acionando os verdadeiros poderes da casa para dar solução definitiva e justa ao problema! Fazendo isso, as formigas permanecerão em seus formigueiros, eu ficarei tranquilo em minha cama e os pulhas dos meus irmãos terão o castigo que merecem. Simples assim.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O Papa e seus fantasmas rigoristas sem misericórdia

Num mundo onde tantos homens, até mesmo no clero, estão se lixando para o que a Tradição cristã ensina como "certo" e "verdadeiro", não consigo entender essa insistência do Papa Francisco em condenar a afirmação da ortodoxia, como se ela fosse a antípoda da misericórdia cristã e como se estivesse excluindo milhões e milhões de pessoas, que só não estariam se aproximando em massa de Jesus e da Igreja por causa de algum espectro ortodoxo, autoritário e invisível que as enxota das paróquias por qualquer mínimo deslize... 
Por que Francisco insiste tanto no que as pessoas estão cansadas de ouvir e omite o que era preciso dizer?
Este Papa parece avaliar a realidade das paróquias a partir do que gente insana como Frei Betto e Leonardo Boff dizem a ele, e não a partir da realidade mesma!... Francisco denuncia fantasmas tradicionalistas autoritários, quando o que vemos é um excesso de relativismo e de permissivismo; esculacha os cães-pastores (bispos e padres zelosos pela salus animarum) que querem proteger o rebanho das influências corruptoras do mundo e parece pouco interessado em confrontar os verdadeiros lobos!...

Essa postura de ataque constante a um suposto rigorismo vigente, como nós sabemos, reforça o discurso dos adversários da Fé e enfraquece a coesão interna da Igreja, uma vez que se cria um clima interno de patrulhamento anti-rigorista no qual qualquer afirmação da Fé católica tradicional, por mais despretensiosa que seja, pode ser rotulada como uma traição imperdoável ao princípio da "misericórdia"! Bons seminaristas tem sido expulsos dos seminários por essa dinâmica de patrulha "misericordiosa" inspirada nos discursos do Papa!


Nunca tivemos tantas dioceses, paróquias e congregações tão "liberais, plurais e inclusivas" e, exatamente por isso, vemos que pouquíssimas pessoas nelas que estão interessadas em levar uma vida cristã-católica de facto!...
Receber elogios de grupos que profanam símbolos cristãos e querem ensinar sodomia a crianças...
Como isso pode ser bom?...
Há legiões de ateus e pagãos que, mesmo elogiando os discursos progressistas do atual Papa, permanecem ateus e pagãos e não demonstram a menor intenção de se tornarem católicos um dia! Aliás, parece até que ser ou não ser católico já não importa mais...
A Dilma bem poderia usar esse conceito de "ateísmo cristão" em um de seus discursos...
Comentários sobre o Papa Francisco numa página ateísta
No pontificado anterior, quando Bento XVI enfrentava os dogmas politicamente corretos do mundo, afirmando e explicando pontos fundamentais da Fé cristã de sempre, a Igreja cresceu e se fortaleceu! Mostrou que não tinha medo de contrariar o mundo e afirmar a verdade e, com isso, as pessoas realmente interessadas em ser membros plenos da Igreja corresponderam bem, as vocações aumentaram, a fé das pessoas se robusteceu, a espiritualidade cresceu e até os donativos feitos à Santa Sé se tornaram mais generosos!

Hoje o que vemos é um monte de gente nada católica elogiando os discursos do Papa (gente que está se lixando para a missão evangelizadora da Igreja) e muitos fiéis de verdade desanimados por não terem o respaldo do pontífice para afirmarem a Verdade!... A confusão e a incerteza da crise pós-conciliar parecem estar de volta!...

Rezemos pelo Papa, pela Igreja, pela conversão dos que não estão na Igreja e por aqueles que tem fé vacilante!...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Trabalhe para se tornar rico... no que realmente importa!

Fico impressionado de ver como as pessoas se deslumbram facilmente com bens de luxo não tanto pela estética deles em si, que muitas vezes é de fato admirável, mas pelo mero fato de serem ícones de riqueza material e do que chamam de "alto padrão de vida". Parecem admirar não a beleza das mansões, carros, iates, condomínios e jardins residenciais, mas o dinheiro e o "padrão de vida" de quem os possui. 
O que te encanta mais, a beleza do que a arte humana é capaz de fazer ou a riqueza dos proprietários?
Ah, se soubessem que o dinheiro e a profusão de bens, nas coisas que realmente importam, frequentemente muito mais atrapalham do que ajudam!... Se refletissem mais no que ensina as Sagradas Escrituras sobre o perigo da ambição ou, pelo menos, no que ensina o mito grego do rei Midas!...
Diz o mito que o ambicioso Midas desejou que tudo o que tocasse virasse ouro...
e, tendo adquirido este poder, já não mais podia comer nem beber nada nem tocar ninguém.
Longe de mim querer parecer um socialistóide desses que condenam até a riqueza adquirida com honestidade e equilíbrio, mas o fato é que temos visto pessoas demais preocupadas em acumular bens para o corpo (ou seria para o ego?) e que estão pouco ou nada interessadas nos bens imperecíveis do espírito! E isso com frequência as torna mais infelizes do que muitos pobres!
Há ricos tão imersos na faina de gerenciar e aumentar seu patrimônio que perdem a alegria das coisas simples.
"Doce é o sono dos trabalhador, tenha ele pouco ou muito para comer; mas a abundância do rico o impede de dormir. Vi uma dolorosa miséria debaixo do sol: as riquezas que um possuidor guarda para sua desgraça." (Ecl 5,11s)

"Pois, de que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mc 8,36) 
Memento Mori. Não importa a riqueza que você tenha acumulado.
Antes do que você pensa, o seu corpo terá perecido e tudo o que importará é o que você fez pela sua alma.
Ah, se cada pessoa soubesse qual é o "padrão de vida" que realmente fará toda a diferença no final das contas!... 

"Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas." (Mt 6,33) 

"Ajuntai para vós tesouros no Céu..." (Mt 6,20)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A culpa das elites culturais na degeneração social

No livro "Nossa Cultura... ou o que restou dela: 26 ensaios sobre a degradação dos valores", Theodore Dalrymple escreveu algumas coisas muito interessante que ajudam a explicar as causas da crise moral e cultural que assola o Ocidente. Leia os trechos abaixo e reflita:

Edição brasileira de 2015 da É Realizações
"De forma explícita, alguns intelectuais abraçaram o barbarismo. [...] Quebrar um tabu ou transgredi-lo se tornaram termos que gozam  da mais alta estima no vocabulário dos críticos modernos, ignorando-se o que foi transgredido ou qual foi o tabu quebrado." (p. 20)

"...uma atitude de hostilidade contra as regras sociais tradicionais é aquilo que laureia o intelectual moderno aos olhos de seus semelhantes. E esse prestígio que os intelectuais conferem ao antinomianismo é rapidamente transferido aos não intelectuais. Mais cedo ou mais tarde, aquilo que é tido como bom para o boêmio da elite também será [considerado] bom para o trabalhador desqualificado, para o desempregado e para aquele que recebe ajuda do governo - exatamente aquelas pessoas que mais precisam de limites, a fim de tornar suas vidas viáveis para que possam realmente crescer e prosperar. O resultado é uma imundície moral, espiritual e emocional, engendrando prazeres passageiros e sofrimentos prolongados. " (p. 21)

"Os intelectuais propuseram a ideia de que o homem precisava se libertar das correntes da convenção social e do autocontrole ["não se reprima!", nos ensinaram], e o governo, livre de constrangimentos, passaria leis que promovessem comportamentos desimpedidos e criaria um sistema de bem-estar social que protegesse as pessoas das consequências econômicas dessa política. Aprendi que quando as barreiras que seguram o mal são derrubadas, o mal floresce..." (p. 30-31)

"Houve uma grande marcha que não devastou apenas as instituições, mas sobretudo as mentes dos jovens. Os jovens querem louvar a si mesmos, descrevem a si mesmos como 'tolerantes'. Para eles, a forma mais alta de moralidade é a amoralidade. Existe uma aliança ímpia entre a esquerda, que acredita que o homem é dotado de direitos sem deveres, e os libertários da direita, os quais acreditam que a escolha do consumidor é a resposta para todas as questões..." (p. 38)

Capa da edição original em língua inglesa
"...meus pacientes, com raras exceções, conseguem enxergar a verdade naquilo que lhes falo: que eles não estão deprimidos; estão infelizes - e são infelizes porque escolheram viver de uma forma que não deveriam viver, na qual é impossível ser feliz. Sem, exceção, dizem que não gostariam que seus filhos vivessem da forma como eles próprios vivem. No entanto, as pressões sociais, econômicas e ideológicas - e, acima de tudo, o [mau] exemplo dos pais - tornam bastante provável que as escolhas das crianças sejam tão ruins quanto as de seus pais. Fundamentalmente, a covardia moral das elites intelectuais e políticas é responsável pelo permanente desastre social que tomou conta da Grã-Bretanha, um desastre cujas plenas consequências sociais e econômicas ainda serão conhecidas. 
Uma aguda crise econômica traria à tona o quanto as políticas dos sucessivos governos, todos orientados para o libertinismo, atomizaram a sociedade britânica. Isso fez com que toda a solidariedade social dentro das famílias e das comunidades, tão protetoras em tempos de dificuldades, fosse destruída. As elites não conseguem sequer reconhecer o que aconteceu, muito embora seja óbvio, uma vez que tal reconhecimento solicitaria admitir a pretérita irresponsabilidade em relação à questão, e isso seria muito incômodo para elas. Melhor que milhões vivam desgraçadamente e na imundície do que as elites se sentirem mal sobre si mesmas..." (p. 39)


Comento.
Penso que Dalrymple tem muitíssima razão no que diz. Por outro lado, também é verdade que não são só as elites intelectuais acadêmicas que tem culpa pela degeneração cultural e moral das massas. Para isso, elas contaram com a inegável contribuição perversa dos artistas, sobretudo os diretores, atores e atrizes de novelas, filmes e séries, bem como os cantores pop e figuras da mídia de massas em geral

Além dos intelectuais e da classe artística, o apodrecimento moral da sociedade também foi facilitado por diversas lideranças políticas e sociais corrompidas, pelo clero modernista (que deixou de instruir e exortar os fiéis como fazia antigamente para não parecer antiquado ou politicamente incorreto) e, claro, pelos próprios pais e mães de família irresponsáveis! Os resultados estão aí: criminalidade crescendo, inteligência média caindo, vícios de todo tipo se disseminando, meninas engravidando (e abortando) cada vez mais cedo, o culto à ignorância se alastrando, hedonismo e relativismo moral se impondo, corrupção se tornando normal, egoísmo e comportamentos antissociais aumentando!... 

O que é ainda mais inaceitável é que, mesmo depois de causarem tanto estrago, as elites "progressistas", acadêmicas, midiáticas, políticas, etc., continuem inatingíveis, posando de "esclarecidas" em seus postos de poder e influência de onde seguem esguichando seu lixo ideológico impunemente pra todo lado!


domingo, 3 de janeiro de 2016

Quais são os tipos de ateus que existem e as diferenças entre eles

Basicamente existem três tipos de ateus. Vejamos suas características básicas.

Ateus "de boa":

Estes simplesmente não creem ou duvidam da existência de Deus.
Não odeiam Aquele em cuja existência não creem nem odeiam os crentes e tampouco pretendem “desevangelizar” quem quer que seja. Eles apenas não tem fé. Não se interessam pelas grandes questões existenciais, não se importam com as realidades além-mundo, mas tampouco pentelham os que creem em algo transcendente. Importam-se só com o que podem ter aqui e agora. Às vezes, até frequentam templos por mera convenção social, convivem tranquilamente com os fiéis e respeitam até os religiosos mais devotos! Não se identificam com o tipo ateísta chato, paranoico, pela-saco e obcecado em vilipendiar a fé alheia.
Lésbica ateia, porém antigayzista, antifeminista e antiateísta: uma livre-pensadora que é uma pedra no sapato da esquerda
Não idolatram o Dawkins nem o DeGrasse Tyson, pois sabem que eles são apenas seres humanos falhos e limitados como quaisquer outros e sinceramente se perguntam por que eles nunca aceitaram um debate público com o Lane Craig. Acima de tudo, ateus “de boa” não passam o dia todo criando memes com alegações risíveis de que a Bíblia é um livro que ensina crueldades e a Igreja perseguia canhotos, mulheres magras, caolhos, pernetas, gagos e orelhudos na Idade Média.


Ateus céticos:

Verdadeiramente céticos são os ateus que não tem medo de pôr em dúvida até os próprios postulados ateístas e também não tem medo de se questionar honestamente sobre o que seria do mundo ocidental sem a herança cultural judaico-cristã que o engendrou.
Estes são usualmente os ateus mais criteriosos, honestos e intelectualmente livres. Não se agarram a posturas dogmáticas materialistas, não forjam provas falsas (como o homem de Piltdown) para escorar os seus argumentos e aceitam debater honestamente com os teístas. Alguns destes céticos de boa estirpe transitam sem medo entre o ateísmo, o agnosticismo e o teísmo, conforme suas conclusões filosóficas e científicas mais recentes os movem. Neste seleto grupo poderíamos, talvez, incluir nomes como Albert Einstein, Carl Sagan, Rodrigo Constantino e Luiz Felipe Pondé.

Matéria do Portal Terra de Fevereiro de 2015
Einstein, embora não acreditasse no Deus pessoal e relacional da Bíblia, admitia a existência de uma Força primordial responsável pela criação e ordenação do universo e provavelmente inerente ao próprio cosmos. Essa postura intelectual de Einstein provavelmente era resultante de uma combinação de ceticismo com uma grande admiração pela fina concatenação de leis que permite a existência do cosmos.

Sagan, por sua vez, mesmo sendo bem menos receptivo à “possibilidade Deus” do que Einstein, ao menos tinha a honestidade de declarar-se “agnóstico” por crer na impossibilidade de se provar materialmente ou refutar a existência de um Criador.

Constantino, ex-ateísta militante, hoje se posiciona como um agnóstico, admite que não se pode afirmar cientificamente a suposta inexistência de Deus defendida pelos ateístas, reconhece a inegável contribuição do cristianismo para os valores e instituições do Ocidente, condena os regimes totalitários ateus e afirma que o Estado deve ser laico, porém não antirreligioso.

Já Pondé, mesmo não crendo em Deus como um Ser Pessoal real, já expressou seu fascínio pelo conceito do Deus judaico-cristão e reconhece, sem “neuras”, a importância do patrimônio civilizacional de valores e instituições que a cultura judaico-cristã legou ao Ocidente. Além disso, Pondé admite que o ateísmo de muitos frequentemente está ligado não a conclusões filosófico-científicas, mas a emoções negativas e/ou frustrações pessoais, como declarou em um artigo escrito para a Folha de São Paulo:

Poucos ateus não são descendentes de uma criança infeliz e revoltada...”



Ateus militantes (ou "ateístas"):

São aqueles seres que dedicam horas e mais horas de suas vidas a inventar factoides e memes para xingar Deus (sim, eles parecem ter uma necessidade louca e incontida de xingar um Ser que eles juram que não existe!) e emporcalhar a imagem da Igreja e das crenças cristãs.
E pensar que Deus já teve inimigos do porte de Nabucodonosor, Nero, Diocleciano, Stálin, Hitler...
São paranoicos, pois, como Richard Dawkins, um de seus principais gurus, parecem preocupadíssimos em tirar a fé alheia por acreditar que uma simples procissão católica que “parece inofensiva” frequentemente “leva a coisas horríveis como explosões de bombas em metrôs..." (infelizmente, o vídeo em que Dawkins faz essa declaração hilária foi deletado do youtube).

Quando pensam nos cristãos, os ateístas parecem incapazes de visualizar freiras como a irmã Dulce dando de comer a crianças famintas ou servindo os doentes. Jamais pensam num padre resgatando um jovem das drogas ou consolando um pai de família angustiado, numa catequista ensinando crianças a serem boas umas com as outras, num professor medieval ensinando Música, Direito, Medicina ou a Física de Aristóteles, num monge trabalhando, orando e estudando na quietude do seu monastério, ou naqueles frades medievais que, em meios a batalhas sangrentas e surtos de peste, arriscavam-se indo até os corpos agonizantes para tentar socorrê-los ou oferecer-lhes os últimos sacramentos. Nada disso! O ódio os cega, impedindo que vejam o trabalho caridoso e abnegado de tantos cristãos em hospitais, asilos, creches, escolas, postos missionários e serviços paroquiais!
Selo da Univ. de Oxford, fundada no séc. XI. No centro, o lema "O Senhor é a minha luz", em latim.
Eles mesmos usufruem de muitíssimas invenções e instituições que devem aos seguidores do Nazareno: da música erudita à ciência moderna, passando por uma infinidade de obras de arte, valores humanos, instituições educacionais e de beneficência! Mas são estultos e ingratos demais para reconhecê-lo, preferindo caluniar quem faz o bem, direta ou indiretamente, a eles próprios!
Ilustração-resposta de um facebooker farto das empulhações ateístas
Penso que vale à pena elencar concretamente alguns benefícios prestados pelos crentes a incontáveis seres humanos que os ateístas fazem questão de ignorar:

Numerosos hospitais, enfermarias, orfanatos, asilos, creches, escolas, albergues, missões humanitárias em países subdesenvolvidos, as primeiras universidades do mundo ocidental (Bologna, Oxford, Cambridge, Siena, Paris, Salamanca, Fordham, Coimbra, todas as PUC’s, Padua, Leipzig, Praga, etc.), o método científico experimental (fr. Roger Bacon), a Química moderna (Lavoisier, Boyle e pe. Gassendi), a Genética (pe. Gregor Mendel), a Física óptica e os óculos (Grosseteste e Bacon), o telescópio, o relógio (Wallingford), o patrimônio cultural da antiguidade (monges copistas), a Física Moderna (Newton), o direito internacional moderno e a diplomacia (escolásticos de Salamanca), as grandes navegações ultramarinas, a teoria cosmológica do Big Bang (pe. Lamaître), o mapeamento do DNA humano (Francis Collins), a arquitetura românica, gótica e barroca, o nosso calendário (papa Gregório XIII), os avanços na astronomia (cardeal Nicolau de Cusa, pe. Copérnico, Kepler, pe. Searle, etc.), a relativa pacificação da Europa bárbara após a queda de Roma, a contenção do avanço do expansionismo islâmico sobre a Europa, a introdução de conceitos e mecanismos de justiça na Europa bárbara e nas Américas (o direito de um acusado a se defender em justo julgamento, por ex.), a Física Quântica (Heisenberg e Planck), o reconhecimento da dignidade da mulher, a música polifônica, as notas musicais (d’Arezzo), a vulcanologia, a microbiologia, e a egiptologia (A. Kircher), o desenvolvimento e a humanização do atendimento hospitalar (São Camilo de Lélis), a radiodifusão (Marconi, pe. Landell de Moura), o estabelecimento de relações amistosas com o Oriente (S. Francisco Xavier e Mateo Ricci), a Citologia (estudo das células – pe. Carnoy), a cromatologia (Malebranche), a descoberta da causa da Síndrome de Down (J. Lejeune), a cirurgia vascular complexa (A. Carrel), o método da pasteurização (L. Pasteur), descobertas sobre a eletricidade e o eletromagnetismo (Volta e Ampére), esforços pela abolição da escravidão (papa Paulo III, Princesa Isabel, fr. Bartolomé de Las Casas, papa Bento XIV, etc.), serviços de combate à desnutrição infantil (Pastoral da Criança), a maioria dos centros de recuperação de dependentes químicos do Brasil, anatomia humana e geologia (bispo Nicolaus Steno), os primeiros colégios do Brasil (jesuítas), o refreamento de práticas pagãs cruéis (canibalismo, oferecimento de sacrifícios humanos aos ídolos, infanticídio), a primeira universidade das Américas (Universidad Nacional Mayor San Marcos - Peru), a descoberta da osmose (pe. Nollet), avanços na matemática (Descartes, Pascal, Leibniz, etc.), a parapsicologia (papa Bento XIV), serviços de ajuda humanitária a pessoas vítimas de catástrofes naturais e outros males (Cáritas Internacional, Kirche in Not, SSVP, Liga das Senhoras Católicas, Cavaleiros de Colombo, Aliança de Misericórdia, Ordem de Malta, Misereor, etc.), enfim, a lista simplesmente não acaba!...


Muitas vezes, tais ateístas apontam o sofrimento e a morte de crianças e inocentes como suposta “prova” da inexistência de Deus. Se estudassem um pouquinho de cosmologia, astrofísica e teologia em vez de basear suas opiniões apenas em um emocionalismo pueril, saberiam que:
1) Se Deus não existisse, não haveria crianças, nem adultos inocentes, nem ser vivo algum, nem planeta Terra, nem cosmos (universo ordenado), nem lugar nenhum que lhes desse a oportunidade de existirem para fazer tais suposições toscas! Quem já estudou um mínimo de teologia sabe que os males existentes no mundo, por si só, não tornam a nossa realidade incompatível com a existência de um Criador onipotente e benevolente.

2) De acordo com a própria teologia judaico-cristã, foi por culpa da própria humanidade rebelde e pecadora que o sofrimento e a morte vieram ao mundo, não por culpa de Deus! A missão de cada ser humano nesta terra é passar meritoriamente pelos sofrimentos presentes, carregando a nossa cruz à semelhança do próprio Cristo, amando a Deus, ao próximo e mantendo a Fé e a esperança! Não é à toa que a Igreja chama o nosso mundo de Lacrimarum Valle (vale de lágrimas), e nos motiva a lutarmos nesta vida tendo em vista o Paradisus ou Regnum Coeli!

3) Se Deus interferisse o tempo todo pra livrar seres humanos do sofrimento e da morte, teria que interferir inclusive nas nossas ações e escolhas pessoais, pois são elas que muitas vezes trazem sofrimento e morte para nós mesmos e para os outros. Isso seria o fim do livre-arbítrio!

4) As pessoas que morrem enquanto criança, mesmo aquelas que tem uma morte dolorosa, são muito mais felizes do que os adultos que levam uma vida de confortos e prazeres e morrem em pecado, pois as crianças que morrem terão a felicidade eterna destinada aos inocentes, já os adultos que morrem em pecado grave terão pela frente apenas o excruciante sofrimento eterno destinado aos ímpios!


Por fim, a este terceiro e mais deprimente grupo de ateus, os militantes, só me resta deixar uma lista de sugestões bibliográficas, caso algum deles resolva deixar os rancores e as tolices ateístas de lado e amadurecer intelectualmente.


Para uma introdução à fragilidade de certos argumentos ateístas:

A Caixa Preta de Darwin – Michael Behe

Não tenho fé suficiente para ser ateu – N. Geisler & F. Turek

Deus, a Liberdade e o Mal – A. Plantinga

A Linguagem de Deus – Francis Collins

O Enigma Quântico – Wolfgang Smith

Ciência e Mito – W. Smith

A Ciência Descobre Deus – Ariel A. Roth

O Cérebro Espiritual – M. Beauregard & D. O’Leary

Apologética Contemporânea – W. Lane Craig

Evolução criativa – A. Goswami

Deus não está morto – A. Goswami

O Delírio de Dawkins – A. Mcgrath & J. Mcgrath

A Física do Cristianismo – Frank J. Tipler

Uma História Politicamente Incorreta da Bíblia – Robert J. Hutchinson

Deus em Questão - Armand M. Nicholi Jr.


Para uma introdução à história negligenciada do cristianismo:

Progresso e Religião – Christopher Dawson

A Vitória da Razão – Rodney Stark

Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental – Thomas E. Woods Jr.

Cristianismo e Paganismo – J. N. Hillgarth

A Ascensão das Universidades – Charles Haskins

A Inquisição em Seu Mundo – João Bernardino Gonzaga

A Formação da Cristandade – Christopher Dawson

Luz Sobre a Idade Média – Régine Pernoud

A Igreja Católica em Face da Escravidão – Jaime Balmes

A Igreja e a Escravidão no Brasil – José Geraldo Vidigal de Carvalho

Bula Veritas Ipsa – Papa Paulo III, 1537 (documento que proíbe a escravidão)

The Popes and Science (sem tradução no Brasil) – James Walsh

Sete Mentiras Sobre a Igreja Católica – Diane Moczar

O crescimento do cristianismo – Rodney Stark

God’s Battalions (s/ tradução no Brasil) – Rodney Stark

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil – Leandro Narloch

Guia Politicamente Incorreto da História da América Latina – Leandro Narloch

Leyendas Negras de La Iglesia (s/ tradução no Brasil) – Vittorio Messori

Historicamente Incorrecto (s/ tradução no Brasil) – Jean Sévillia

As Caravelas de Cristo - Gilbert Renault

A Idade Média contada aos meus sobrinhos – R. Pernoud

A Ascensão das Universidades – C. H. Haskins

Para Entender a Inquisição – Felipe Aquino

Dinâmicas da História do Mundo – C. Dawson

Minhas Cartas – José de Anchieta, sj

Idade Média, o que não nos ensinaram – R. Pernoud

O Outono da Idade Média – Johan Huizinga

Artigo sobre as Cruzadas escrito por um especialista em História Medieval e Renascentista: http://www.quadrante.com.br/artigos_detalhes.asp?id=101&cat=10

Artigo do mesmo historiador, sobre a Inquisição: http://www.ocampones.com/?p=9235

Documentário da BBC sobre o Mito da Inquisição Espanhola: https://www.youtube.com/watch?v=1v_KlCNpzYA

Série apresentada por Thomas E. Woods Jr., historiador e economista, sobre a edificação da nossa civilização pela Igreja: https://www.youtube.com/watch?v=t6bnO7N1AMU&list=PL6D7A861A36186188

Documentário da Reader’s Digest que conta o triunfo da fé cristã sobre o Império Romano pagão a partir da biografia de Sta. Helena: https://www.youtube.com/watch?v=H4yuzAOSWzg

Explicação do Prof. Anthony Esolen, da universidade Providence College, sobre a Idade Média: https://www.youtube.com/watch?v=U21hxgez2LM

Prof. Felipe Aquino, que foi diretor da FAENQUIL-USP, explica o medievo:  https://www.youtube.com/watch?v=7LetACae_rk



Filósofo ateu detona ideologias e teologias em moda

Em recente entrevista à revista Gente, o filósofo Luiz Felipe Pondé deu respostas bastante incomuns para um professor de Filosofia e intelectual ateu. Confira abaixo alguns trechos.


Sobre o doutrina de "sucesso e prosperidade" pregada por algumas igrejas "evangélicas":

"A Teologia da Prosperidade trabalha ideia de que eleição significa ganhar bens materiais: se você está perto de Deus, você vai ficar rico e vai dar tudo certo na sua vida. [...] Veja como Jesus sofreu! Ele foi rejeitado, perseguido e crucificado! E segundo a tradição bíblica Jesus é ninguém menos do que o filho de Deus."

O sentido profundo do mandamento divino que prescreve "honrar pai e mãe":

"Esse mandamento é tributo à ancestralidade. É uma reverência ao fato de que a vida se perde sem certos códigos e hábitos ancestrais. A sabedoria dos que vieram antes de nós nos orienta e nos ajuda até hoje. Aliás, ela diz quem você é. Quando você honra os ancestrais, está reconhecendo que eles deixaram sabedoria. A Bíblia hebraica começa com Provérbios, que é um livro sobre ancestrais. É claro que honrar pai e mãe tem a ver com honrar o passado. Nós modernos temos um problema com isso porque cremos em nós mesmos como criadores do melhor mundo que já existiu. É falso. Os nossos ancestrais foram sábios, nos deixaram uma rica herança moral e cultural e não destruíram o mundo. Talvez a gente destrua."

A respeito de como a atual geração deverá ser retrata no futuro, Pondé alfinetou:

"Daqui a 200 anos nossa época vai merecer meio parágrafo nos livros de História: eles eram ressentidos, mimados, só queriam direitos e não gostavam de trabalhar. Os intelectuais eram preocupados com os direitos dos animais, mas não viam problema com o aborto de bebês."

Teologia da Libertação e modismos teológicos:

Bom, a Teologia da Libertação virou ‘PT’ ou algo do tipo ‘vamos buscar o útero de Deus’. Tem a vertente agarrada às raízes das comunidades eclesiais de base e essa coisa de tentar repensar Deus a partir de alguma modinha. O cristianismo tem uma forte raiz profética. Os profetas denunciavam os podres dos poderosos, mas nunca deixavam de denunciar também os pecados do povo. Não achavam que povo carrega salvação só porque era pobre. A Teologia da Libertação faz uma leitura seletiva do profetismo hebraico para encaixá-lo no marxismo. Ela diz que o pobre é puro e bom e o rico é malvado. É a mesma leitura seletiva da Teologia da Prosperidade. A diferença é que a Teologia da Prosperidade é a versão liberal que reduz tudo ao seguinte: o eleito é bom e vai ficar rico. Ambas são medíocres. As teologias políticas tendem a perder a função religiosa. E a inteligência religiosa se perde no meio.

[...] Ninguém precisa de ateus para duvidar de Deus com os teólogos que existem ‘no mercado’ hoje em dia. A teologia está atrás das modas, quer provar aos foucaultianos e aos marxistas que ela é legal. Já coube a mim, um ateu darwinista, defender a ortodoxia bíblica em um debate com dois teólogos, um discípulo de Karl Marx e o outro seguidor de Michel Foucault. Eu fui apresentado no debate como ateu. Mas quando os dois terminaram de falar, eu disse: ‘bom, agora os colegas me permitam fazer uma defesa da Bíblia’. A teologia virou uma envergonhada. Ela não quer virar fundamentalista, o que é importante, mas daí vai para outro extremo oposto que é tentar provar que Marx e Foucault, na verdade, eram cristãos.

Sobre se o cristianismo tem culpa pela nossa culpa:

"A ideia de que o cristianismo inventou a culpa. É uma grande bobagem! A psicologia evolucionista, de natureza darwinista, explica que culpa é um dos centros da vida moral do ser humano. Quem não sente culpa é um monstro. A experiência de sentir responsável, a vergonha de saber que fez algo que não deveria ter feito, é algo universal. Qualquer um que conviva com jovens pode verificar isso empiricamente. Uma pessoa que não sente culpa não é gente. Por isso critico o besteirol contemporâneo de que você nunca deve sentir culpa. Ora, a culpa é um fato da vida, é um produto da nossa consciência! Os críticos da religião dizem que a igreja nos obriga a sentir culpa. É claro que existem estruturas sociais e familiares que podem causar culpas morais. Mas essa experiência transcende a religião. Basta conferir a boa literatura. Eu sempre digo para quem, na esperança de fazer uma critica séria a religião, repete essa bobagem: vá ler Nelson Rodrigues, pelo amor de Deus! Vá ler Dostoievski!"

Sobre a inclusão da Ideologia de Gênero na educação infantil:

"Bom primeiro, devo dizer que acredito que nas suas vidas privadas as pessoas podem viver do que jeito que elas quiserem. O que eu normalmente critico é a excessiva ingerência de “especialistas” nas escolas que, na verdade, são ideólogos se metendo na educação das crianças. Ora, escola tem que ser o lugar onde você vai ensinar matemática, geografia, ciências. A educação moral tem que ser dada pelos pais, pelas famílias. Quem disse que eu devo confiar nas ideias que uma coordenadora ou uma professora têm na cabeça? Muitos deles nem são pais. E só estão interessados em ideologias. A Ideologia de Gênero não respeita o fato de que são os pais os responsáveis pela educação moral dos filhos."