segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Podemos amar nossos pets e chamá-los de "filhos"?



Eu gosto muito de cachorros. Gosto tanto a ponto de ter vertido lágrimas, já depois de adulto, quando morreu um pastor alemão que tínhamos no sítio. Conhecia-o desde que nasceu, era o mais fofucho dos filhotes que a cadela teve e por vários anos ele havia sido um bom companheiro de passeios, brincadeiras e corridas. Afeiçoei-me muito a ele. Mas nunca me permiti criar o mau hábito de chamá-lo de "filho" ou tratá-lo como tal. Não é adequado chamar nossos pets de "filhos". Leia o texto até o fim e entenda o motivo.
É natural que tenhamos afeto por criaturas de outras espécies, mas o que acontece hoje em dia com muitas pessoas é uma desordem afetiva que com frequência pode ser ofensiva a Deus. Nosso amor deve ser ordenado primeiramente à própria Fonte da nossa existência, Àquele que nos amou até a morte de cruz: o Deus Uno e Trino. Em seguida, devemos amar o nosso semelhante como amamos a nós mesmos, o que significa que devemos amar os outros seres humanos com um grande amor. E só depois é que devemos amar as outras criaturas.

Mas hoje em dia há pessoas que tem namorados com os quais já se relacionam sexualmente sem formalizar compromisso algum e não querem ter filhos, apenas pets. (Relações sexuais só deveriam acontecer entre pessoas unidas em santo matrimônio e filhos numerosos deveriam necessariamente ser o fruto dessas uniões.) Aí essa gente insana ainda chama os pets de "filhos"... E gastam com os pets mais $ do que jamais gastariam com uma pessoa necessitada. Ou dedicam mais tempo e afeto aos pets do que ao próprio Deus. Enfim, esta é apenas uma das várias consequências da desordem espiritual que os maus costumes modernos causaram nas pessoas. Sei que este muitas vezes não é um erro intencional, mas é bom irmos corrigindo isso o quanto antes.
Podemos ter pets, é bom ter pets, sabemos que alguns santos tiveram seus pets e os estimavam muito, como S. Francisco de Paula, que tinha um cordeirinho chamado Martinello. Outro santo ainda mais conhecido, Francisco de Assis, era famoso por sua amizade com os pássaros. Entretanto, nenhum deles amava mais os seus pets do que a Deus ou ao próximo.

Jamais devemos dar a um pet mais tempo, afeto e recursos do que damos a Deus e aos nossos semelhantes. Até porque há pouco mérito em amar um pet justamente porque é muito fácil amar um pet, já que nós o vemos e interagimos com ele diretamente (ao contrário de Deus e dos Anjos) e o pet, não sendo igual a nós em inteligência e livre vontade, não nos chateia nem nos desaponta (ao contrário dos outros seres humanos). Como é fácil demais amá-los, há pouco mérito em amá-los, pois exige pouca virtude da nossa parte.

Amar ordenadamente cada ser conforme o seu valor intrínseco é uma virtude indispensável.

O valor de Deus é infinito, o valor dos Anjos é imenso, o valor de outro ser humano é tão grande quanto o meu valor, e o valor das demais criaturas de Deus é também grande, mas é menor que o valor de um ser humano, menor que o valor de um Anjo e, claro, infinitamente menor que o valor de Deus. Que o nosso amor seja assim bem ordenado e vivido com sabedoria!

Ame o seu pet, mas jamais acima de Deus, do seu Bom Anjo da Guarda, que sempre está ao teu lado pra te proteger, e do seu próximo que necessita de você. E evite chamar o pet de "filho", pois ele não o é. 

Se soubermos amar nossos pets da maneira certa, podemos até aprender com eles a sermos mais humildes, dóceis e obedientes a Deus como eles o são a nós. Como São Josemaría Escrivá, que desejava tornar-se semelhante ao humilde jumentinho que levou Nosso Senhor na sua entrada em Jerusalém para nos redimir.
Detalhe da pintura de Giotto



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