sexta-feira, 4 de maio de 2018

O que é um santo?...

Recentemente assisti um filme produzido pela RAI sobre a vida de S. Giuseppe/José Moscati. Não sei exatamente quais cenas no filme foram "acréscimos" ou "adaptações" da vida do santo para o cinema e quais correspondem fielmente à sua biografia, mas devo dizer que este longa-metragem me comoveu e deu muita matéria para reflexão!
Aproximando-se do final do filme, peguei-me pensando que ele havia fracassado e havia perdido tudo: a mulher que amava, a cátedra para lecionar na faculdade de medicina, o melhor amigo, os objetos de valor de sua casa, os postos que poderia ter alcançado na sociedade... Mas só nas cenas finais o filme fez eu me dar conta, comovido, do mundanismo da minha percepção: ele havia perdido, sim, todos os bens menores e passageiros para ganhar o Bem maior, supremo e eterno! Venceu-se e agora triunfava entre os felizes eleitos! Agora ouvia: "Muito bem, servo bom e fiel! [...] Entra e participa da alegria de teu Senhor!"

E fiquei pensando sobre esta realidade: ser santo não é outra coisa senão atualizar em si a kenosis de Cristo! É presentificar novamente o Cristo na história humana!
Uma mulher que trabalha muito no hospital e se dedica ao próximo sem esperar deles nada em troca, ao lado de um médico que exerce o seu exigente ofício mais por amor do que por qualquer outra coisa. Poderá o mundo compreendê-los?
E pensei ainda no quão derrotado eu poderei ser se, ao fim da vida, o mundo me julgar bem sucedido, alguém que "venceu na vida"! E quão vitorioso posso chegar a ser, ainda que o mundo me despreze e me considere um fracassado! O cristianismo é, realmente, uma fé incompreensível para a lógica do mundo, "escândalo para os judeus, loucura para os pagãos"! Não admira que o cristão seja alvo de deboches, incompreensões, escárnios, censuras e, não poucas vezes, perseguições! Ele contraria tudo o que o mundo insano mais ama, nega o que o mundo promove, rejeita o que o mundo enaltece, contraria toda a lógica (hedonista, egoísta e soberba) da autossatisfação como prioridade da vida!
São José Moscati, rogai por nós.
Não há nada mais transgressor, ousado e anti-sistêmico do que se aventurar a compreender as razões profundas do cruz e abraçá-las como um projeto próprio e radical de vida! Sim, um cristão santo é um audaz revolucionário, mas não porque brada "contra o capitalismo" (como gostaria o padre de passeata mancomunado com o socialismo), mas sim porque o santo testemunha uma verdade incômoda: uma vida alheia às modas e à volúpia do mundo não só é possível, mas é também superior, é melhor, é mais razoável, mais vitoriosa e mais feliz! E isso não é algo que os mundanos estejam dispostos a perdoar! < Para ler mais sobre S. José Moscati: http://cleofas.com.br/jose-moscati-o-medico-santo-eb/ >

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